Sinta o Incômodo

Um devoto pediu, “Por favor, me perdoe se eu cometi um erro”. Por que você deve ser perdoado? Você pede perdão porque sente um incômodo e quer se livrar dele, não é? Deixe que o incômodo esteja aí. O incômodo não vai deixar o erro acontecer novamente. O perdão remove o incômodo, e então você vai continuar repetindo o erro.

Mas como você sabe que um erro é um erro? Um erro é algo que traz um incômodo. É o incômodo que aflige a consciência e esse incômodo não irá permitir que o erro seja repetido. Fique com o incômodo, e não com a culpa. É um bom equilíbrio. A culpa se refere a uma ação específica, mas um incômodo se refere a um resultado ou acontecimento específico. Você só pode sentir culpa por algo que fez - não por algo que aconteceu fora de você. Mas o que quer que tenha acontecido, por sua causa ou por causa de alguém, pode atormentar você.

Você pode ir além da culpa através da sabedoria – conhecendo a natureza da mente, a natureza da consciência e tendo uma perspectiva mais ampla do fenômeno. Você pode aprender com os seus erros. Mas o aprendizado está em um nível intelectual ao passo que o incômodo está em um nível emocional. O impulso das suas emoções é muito mais forte que o seu intelecto, por isso o incômodo não irá permitir que o erro se repita. Entretanto, você não pode ser levado somente pelas suas emoções. Seu intelecto age como um freio para suas emoções.

Sinta o incômodo. O incômodo irá criar uma consciência de que o que aconteceu estava além da sua capacidade. Esta consciência o levará à entrega e a entrega o livrará da culpa. Assim, os passos da evolução vão do incômodo à consciência, da consciência à entrega, e da entrega à liberdade.