A sala de Yoga está escura e completa de aroma quente e temperado de óleo essencial e suor. Estou me olhando no espelho, observando o pilar forte da minha coxa grossa, balançando um pouco no tornozelo, meu joelho franzindo com o esforço de me manter em pé. Meus olhos percorrem meu braço estendido, onde encontro o olhar do meu reflexo e me lembro para relaxar meu rosto. Atrás da minha cabeça, meu outro pé subia, puxando deliciosamente o tendão da minha perna enraizada. Eu posso ver meus dedos hoje! Sim!
Esta é uma das minhas poses favoritas. Em Natarajasana, às vezes chamada de pose de dançarina, posso tocar em um lugar onde me sinto capaz, triunfante e ouso dizer, mesmo que seja um pouco escultural. Minha falta de jeito e estranheza são esquecidos, e às vezes, me sinto totalmente viva. Respiro fundo novamente e lembro-me de sorrir gentilmente enquanto tento me concentrar na pose. Mas então meus olhos se movem, aparentemente por conta própria, e pousam nela.
Sua esteira está na frente e no centro da sala, bem em frente ao professor. Sua perna comprida e graciosa está apontada com elegância e sem esforço para o teto, ambas as mãos segurando o arco do pé. Suas costelas saem de sua barriga lisa, brilhando de suor que provavelmente cheira a rosas, e em seu lindo rosto há uma aparência de felicidade sem esforço. Ela é radiante, em incrível forma física, e ao lado dela, eu meio que me sinto um pouco como uma batata senciente.
Bem, lá se vai meu foco no tapete.
Eu acho que quase todo mundo que pratica yoga em um ambiente de grupo pode se relacionar com isso. Há sempre alguém na sala que é um pouco mais avançado, um pouco mais forte, um pouco mais flexível do que todo mundo. Há sempre alguém com melhor alinhamento e mais vigor, alguém que pratica há mais tempo ou de forma mais consistente, alguém que parece mais sereno e focado.
É claro, é fácil lembrar-se de que o seu foco no tapete deve ser 100% em você mesmo e no seu próprio desenvolvimento, mas é um pouco mais difícil colocar isso em prática. Mesmo que não seja saudável, é uma necessidade natural comparar-se a outras pessoas, e há muitas emoções que surgem quando você faz isso. Há inveja, claro. Admiração. Auto-dúvida. Frustração. Saudade. E tudo isso atrapalha sua prática de yoga.
Quando você está cercado de pessoas que se dedicam à saúde e à boa forma física, especialmente se você não está onde quer estar com você mesmo, isso pode fazer com que você se sinta bem triste com o estado atual do seu próprio corpo. Isso é especialmente verdadeiro quando combinado com o fato de a mídia enfatizar muito o modo como "supostamente" devemos ser vistos também.
O corpo perfeito não existe e, mesmo que você o conheça logicamente, ainda não ajuda com o lembrete de que você não cumpre os padrões de beleza e fitness culturais comumente aceitos.
É aqui que o yoga pode realmente curar seu relacionamento emocional com seu corpo. Yoga é para todos. Todo corpo é um corpo feito para yoga. Yoga é para todos os praticantes, independentemente do peso, idade ou limitação física, porque uma prática de yoga verdadeira e transformadora é mais do que o corpo.
O aspecto físico da ioga, enquanto o mais conhecido, é apenas um dos muitos. Gurudev Sri Sri Ravi Shankar diz que “o Yoga oferece muitas coisas para pessoas diferentes em muitos níveis diferentes - independente elas procurarem união com a consciência cósmica ou saúde física, clareza mental, estabilidade emocional, êxtase espiritual - tudo isso faz parte do yoga”.
Tornar-se forte e flexível é um benefício do yoga, mas não o propósito. O corpo é simplesmente um caminho para encontrar as profundezas da alma, e lembrar disso é a chave para recentrar sua mente durante sua prática de asana. O verdadeiro objetivo do yoga é tornar-se totalmente você mesmo, construir sua resiliência e sabedoria, dissolver o estresse e dar a você a capacidade de criar uma vida mais pacífica para si e para o mundo ao seu redor.
Portanto, da próxima vez que seu foco se desviar de você mesmo e passar para o aluno-estrela de sua aula de ioga, gentilmente se lembre de que sua capacidade física não é tudo. Uma aula de yoga verdadeiramente bem-sucedida é aquela em que você se moveu para cada asana com consciência amorosa, aproveitando sua respiração e seu corpo; aquela em que você faz um esforço extra para ir além da sua zona de conforto; aquela em que você fechou os olhos e mentalmente relaxou em cada postura para experimentar um lugar tranquilo dentro de si mesmo; uma aula na qual você concluiu sua prática com Savasana e permitiu que os efeitos de seus esforços se infiltrassem profundamente.
Paige Leigh Reist é uma escritora de estilo de vida e o blogueira por trás do thewholesomehandbook.com
