Bangalore, India
Muitas vezes as pessoas estão muito miseráveis por dentro, mas vestem uma máscara de alegria ou mesmo agem de forma confiante e dominante por fora. Elas continuarão fingindo como se tudo estivesse bem, mas você pode ver a miséria rolando sobre seus rostos. Cada parte de seu corpo reflete a raiva, amargura, ódio e miséria. Isso que o Senhor Buda disse – que há miséria. Reconheça isso, e então há remédios para isso. Se alguém disser que ser miserável é minha natureza, então ninguém pode fazer nada sobre isso, nem mesmo o próprio Deus. Então a miséria não é nossa natureza, ela vem do samskaras (impressões da vida passada) ou karma. E isso pode ser removido por outro samskaras. Um remédio para isso é Pratyahara (um dos oito membros do Yoga que significa praticar o controle ou restringir os sentidos e entregá-los em seu interior). Outro remédio para isso é a meditação. Então através da meditação, pranayama e Satsang podemos nos libertar das misérias. É quando percebemos que nossa natureza é a felicidade, alegria. Da mesma forma que a luz afasta a escuridão, nosso Atma-shakti (a alma poderosa como consciência interior) remove miséria. No caminho do Sadhana, toda negatividade e distorções como medo, raiva etc desaparecem. O objetivo do Sadhana é fazer uma imersão nessa bem-aventurança indescritível que é parte da nossa natureza.
Senhor Buda disse as mesmas coisas que é ditto no Upanishads. Existe um verso:
Na karmana na prajaya dhanena tyagenaike amrta tvamanasuh |
Parena nakam nihitam guhayam vibhrajate yadyatayo visanti ||
(- Sanyasa Sukta, Maha Narayano Upanishad, 4.12)
Significa: Nem através das ações de uma pessoa (Karma), nem gerar descendentes nobres (referindo-se ao ‘Praja’ no verso acima), nem através da riqueza (Dhana) uma pessoa consegue alcançar o Senhor Supremo. Apenas através do sacrifício e renúncia (Tyaga) uma pessoa consegue alcançar a imortalidade (Amruta). Isto é o que o Senhor Buda disse também. Se você ler o Upanishads cuidadosamente e então ler o que o Senhor Buda disse, você descobrirá que dizem o mesmo. Não há nenhuma diferença.
É por isso que Shri Adi Shankaracharya é frequetemente chamado de Prachanna Baudha (um Buda Escondido ou não proclamado, significa uma pessoa iluminada), porque qualquer coisa que ele diz é muito similar ao que é mencionado no Budismo. Então não há diferença entre Sanatana Dharma (outro nome ao Hinduísmo) e Budismo. Os princípios são quase os mesmos. Eu não diria que são exatamente o mesmo, mas são de fato muito próximos. Budismo prega Shoonyavaad (o reconhecimento de que “tudo é nada”; Shunya significa Zero ou nada em Sânscrito), enquanto Vedanta prega Poornavaad (a crença central que “Tudo é Um e o todo”). No Budismo o primeiro passo importante é o reconhecimento da miséria, enquanto no Vedanta eles dizem que não há miséria. Eles dizem – ‘Acorde e veja! Você é replete de alegria (o Eu como bem-aventurança)’.
Então no Budismo quando a miséria desaparece, a alegria é vista e no Vedanta quando a alegria (do Eu) é reconhecida, miséria desaparece automaticamente. Então indo de baixo para cima e de cima para baixo, essas são duas abordagens diferentes. Mas o objetivo é o mesmo. Mesmo no Vedanta, não é dito que uma pessoa necessariamente adora ídolos. É dito que adorar o Atma-deva (referência ao Eu como Divino no interior do tempo do corpo físico) é a forma mais elevada de adoração. É por isto que há Puja. Em última instância em um ponto você vê tudo como a expansão do próprio eu, tudo aparece como uma manifestação daquele um Próprio. Quando uma pessoa reconhece que não há diferença entre o mundo e o Eu (Brahman) – que está presente em todos os lugares, nas árvores, nos ídolos, na terra, na água, no céu azul; então uma pessoa pode adorar qualquer coisa e em qualquer lugar (significado: alcançar um estágio onde uma pessoa vê tudo como a manifestação do seu Eu divino).
Mesmo no Rudra Puja, há uma regra ‘Na Rudram Rudram Archayeti’’ que significa até você se tornar Senhor Shiva (reconhecer sua própria verdadeira natureza divina), você não pode adorar o Senhor. Então você deveria primeiro se tornar Deus e então adorá-lo. Significa ser firmemente estabelecido no Eu. Então é dito que adorar Deus depois de se tornar Deus, é ser estabelecido no seu Eu. Puja é apenas uma brincadeira, é um leela (um jogo), uma maneira de expressar os sentimentos profundos de adoração.
Se você ofender alguém e ele não te escutar; e ao contrário ele pensar que você está falando em outra língua ou ele pensar que você está elogiando, então qual é o efeito que suas palavras poderia ter nele? Vamos dizer que você está falando sobre algo muito sábio, talvez você esteja dando um conselho inteligente mas a outra pessoa não está escutando e está apenas sentada como uma pedra, então qual é a influência que sua fala terá na pessoa? Ao menos que a pessoa decida absorver o que você está dizendo e internalizar, ele nunca será afetado positivamente ou negativamente por isso.
Isso não significa que você deveria tentar dar às pessoas a dor e a miséria. Este ditado - ‘Sukhasya dukhasya nakopi daata’ não significa para você dar o quanto puder de dor aos outros. Não! Você precisa ser sensível. Oque você não gosta pra você, por que deveria fazer aos outros? Isto é o Dharma. Então se alguém nos onfende, sentimos mal por isso. Então nós também não deveríamos ofender os outros. E se você não gosta que as pessoas nos roubem, não deveríamos roubar dos outros. Então tudo aquilo que não gostamos que seja feito conosco, não deveríamos fazer para os outros. Essa noção simples é a essência do Dharma – o conhecimento das responsabilidades de uma pessoa
Ananyas chintayanto mam ye janah paryupasate |
Tesham nityabhiyuktanam yoga-kshemam vahamy-aham || (9.22)
Senhor Krishna disse que uma vez que você se entrega a Deus, uma vez que você vai ao Seu refúgio, então Ele assume a responsabilidade de providenciar tudo que você precisar, e também proteger aquilo que você já tem. É por isso que o Senhor Krishna diz: ‘Yogakshemam Vahamyaham’. Aqui Yog- significa dar o que você precisa receber e kshema- significa cuidar e proteger o que você já recebeu. Ambos são da responsabilidade Dele. Senhor Krishna diz isto claramente. Então apenas saiba disso e relaxe.
Então conforme evoluímos, um senso expandido de pertencimento e uma visão ampla se torna uma parte de nossas vidas sem esforço e naturalmente. Sentimentos de raiva e ciúmes vêm as vezes. É ok. Então, mesmo se esses sentimentos de ciúmes, etc, vier, eles vêm e então eles também se vão. Apenas com o conhecimento você consegue lidar com todas essas negatividades e distorções.
Quando você está desiludido, ou quando o coração e a cabeça estão em conflito, então todos os tipos de discussões são sobre coisas antigas. Nossos desejos e aversões pertencem a coisas e eventos do passado. Uma pessoa que diz coisas como – ‘ Quando eu fui casada há 20 anos, você não me desejou o bem. Você não me deu doces e presentes o suficiente. Não me tratou bem. Sua mãe e seu pai fizeram isso e aquilo’. As pessoas continuam nutrindo esse amargor em suas mentes, mesmo depois de 20 anos. Então as pessoas ficam encurraladas em tudo isso por causa do Aviveka (falta de Viveka ou discriminação). Então você deveria se tornar consciente de todos os usos de Viveka. Deixe ir o passado. Por que? Quando sua mente ou intelecto fica mastigando ou ansiando sobre o passado, ela fica presa na negatividade e começa a apodrecer. E quando o coração corre em direção (a atração) ao novo se torma instável. Então manter tudo em seu lugar certo é Viveka.. Uma pessoa precisa de ambos o intelecto e as emoções para funcionar bem. Ambos o intelecto e os sentimentos são importantes na vida de uma pessoa. Faça negócios com o intelecto e viva a vida com sentimentos (coração). Se você usar sua cabeça em casa e o coração nos negócios então ambos estarão em problemas.
Hoje muitas pessoas dizem que estão sofrendo pela injustiça. Pessoas em Jammu e Kashmir, em Kerala frequentemente reclamam que se sentem como se tivessem se tornado cidadãos de segunda classe em seu próprio país e estado. Pessoas no Nordeste e mesmo em Andhra dizem que há tanta apatia e injustiça, ninguém liga para eles. Eu ouvi muitas coisas dessas e muitas pessoas vêm e sempre me falam disso. No oeste de Bengal, há graves injustiças e práticas incorretas acontecem com a maioria das comunidades. As pessoas vêm e choram na minha frente sobre isso. Eu digo a elas, ‘vocês todos deveriam se unir contra a injustiça e lutar como um. Coloque-se de pé com seus pés. Enquanto estiverem divididos e espalhados entre vocês, outra pessoa tirará proveito disso’. Ao invés disso, colocamos a culpa nos outros. Veja, todo mundo tem o direito de formar suas próprias uniões e tem o direito de progredir. Então se alguém progredir, então por que deveríamos puxá-lo para baixo? Deixe-os também ter sucesso e deixe-os também se esforçar para obter sucesso. Este pensamento deveria crescer em nós. Quando eu fui a Punjab, as pessoas também disseram a mesma coisa – que eçes eram tratados como cidadãos de segunda classe ali. É muito azar. A mesma coisa está aconecendo no cenário econômico de nosso país também.
Hoje mesmo uma cidade pequena tem dez templos diferentes construídos. Agora ter dez templos não é uma coisa ruim. Mas o que acontece é que há um senso de competição entre todos eles. E então há discussões entre os membros do comitê administrativo sobre assuntos bonitos. Tudo isso é Aviveka. Então eles continuam reclamando que “Não somos tratados apropriadamente; o que queremos não está acontecendo”. Em cada esfera da vida, seja a religiosa, ou política ou econômica, Viveka é necessário; Tudo isso precisa de uma transformação e eu estou confiante que nossos jovens sairão desse pensamento limitado e trarão esta transformação. Eles deveriam se juntar e praticar o bom trabalho.