Ter Uma Visão Perfeita

Bangalore, Índia

(Abaixo é a continuação do artigo O que é Realmente Pecado?)

O nono capítulo de Bhagavad Gita é chamado de Raja-Vidhya Yoga ou de Raja-Guhya Vidhya (o conhecimento mais supremo e confidencial).
Um rei (Raja) nunca faz muito esforço para nada. Você já viu um rei trabalhar duro para alguma coisa? Então, Lord Krishna diz a Arjuna que este conhecimento é um que pode ser aprendido sem esforço.
Ele também o chama de Raja-Guhya Vidhya, o que significa que este conhecimento é um grande segredo.

Assim, Senhor Krishna diz a Arjuna, 'Idam tu te guhyatamam pravaksyamy anasuyave. Jnanam vijnana-sahitam yaj jnatva moksyase 'subhat'. (9.1)

Ele diz, ‘O Arjuna! Você é Anusuya (uma pessoa isenta de inveja e negatividade),então devo lhe dizer um grande segredo agora’.
O que significa Anusuya? Uma pessoa que não fica encontrando erros em tudo é chamada de Anusuya. Quem é chamado de Asuya? Uma pessoa que encontra erros em tudo a sua volta. 
Quando a visão de algu[em é distorcida e imperfeita, parecem encontrar defeito em tudo ao seu redor. Tal pessoa que vê os defeitos em tudo é Asuya.
Dessa maneira Asuya é aquele que tem a visão distorcida. Anusuya é uma pesoa em que a visão é livre de distorção e negatividade.
Por exemplo, se alguém diz algo a alguém que está triste, esta pessoa sente que a outra está tirando sarro dela. Algum de vocês já passaram por esta experiência?
Mesmo se você elogia uma pessoa que é perturbada, eles sentem que você está tirando sarro deles. Mesmo de você fizer algo bom para eles, eles ainda acharão algum erro nisso. Tal pessoa que tende a ver motivos errados por trás de qualquer ação é chamado de Asuya.
Anusuy significa uma pessoa que não tem esta visão distorcida. Tal pessoa sabe e aceita as coisas como são, ao invés de achar imperfeições.

Então para quem você pode contar um grande segredo? Para alguém que é Anusuya.
Você pode contar um segredo apenas para uma pessoa que não encontra defeito em tudo, e que a visâo não é distorcida.
Uma pessoa que é Asuya apenas encontrará defeito em tudo, não importa onde estiverem. Tais pessoas projetam suas próprias mentes no mundo externo, e eles culpam outras pessoas por isso. Uma pessoa em que a visão é distorcida não pode ver suas próprias imperfeições. Ele apenas vê imperfeições e defeitos em outros. Ele continua tentando encontrar mais e mais defeitos nas pessoas ao seu redor. Tal pessoa é Asuya Nenhuma pessoa pode aceitar tal pessoa como um discípulo mesmo se um Guru aceita tal pessoa, ela encontrará defeito nos ensinamentos do Guru também.
Ela dirá, 'Gurudev, você disse isso, mas existe um erro no que você disse.'
O que essa pessoa internaliza deste Guru se ele culpa seu Guru e continua a encontrar defeitos em seus ensinamentos? Ela não será capaz de receber nada. É por isso que é dito que você não deveria ver o Guru com uma visão limitada do intelecto, mas sim através de uma visão mais ampla do conhecimento.

Então Senhor Krishna diz a Arjuna, ‘Uma vez que sua visão é livre de distorções, eu devo agora revelar um conhecimento secreto surpreendente à você. Ao saber deste conhecimento, você será livre de toda tristeza e negatividade. Este conhecimento é ambos científico (vijnana) e também transcendental (jnana)’.
Ciência é saber ‘O que é isto?’ (referindo ao conhecimento da realeza material), enquanto o conhecimento espiritual é saber 'Quem sou eu?' (referindo ao auto-conhecimento transcendental).
Assim Ele diz, 'Ao saber deste conhecimento, você deverá ser livre de tudo que for infeliz e não haverá mais qualquer negatividade ao seu redor. Nenhum mal ou sofrimento virá até você após saber disso.'

No próximo verso, Ele diz, 'Raja-vidya raja-guhyam pavitram idam uttamam. Pratyaksavagamam dharmyam su-sukham kartum avyayam'. (9.2)

Ele diz, ‘Eu não te direi nada que você não possa entender ou colocar em prática. Não há nenhuma utilidade em lhe dizer uma coisa dessas.'
Suponha que um Guru diga a um discípulo algo e ele não consiga fazê-lo, então qual é a utilidade disso? Se um Guru continua a dar conhecimento muito elevado e complexo que o discípulo não consegue compreender, então qual é a sua utilidade?

Havia um cavalheiro que foi uma vez a um discurso dado por sábio. Quando ele retornou da sessão, ele disse a seus amigos, 'Oh, a sessão foi maravilhosa. O sábio deu conhecimento maravilhoso.'
Um de seus amigos lhe perguntou, 'Diga-nos, sobre o que o santo falou?'
O cavalheiro respondeu, 'Oh, o conhecimento era de um nível muito elevado. Tudo foi muito para minha cabeça.'
Então o que ele ganhou ao escutar tal conhecimento elevado quando ele não pôde entender nada. E mesmo se alguém entenda, ainda assim não há utilidade se uma pessoa não pode colocar em prática, e seguir o conhecimento.
É por isto que Senhor Krishna diz, ‘Eu não te direi nada que você não possa entender e praticar. O conhecimento que eu vou lhe dar é o rei (o supremo) do conhecimento.É o conhecimento mais confidencial, repleto de segredos; é o mais elevado e o mais sagrado de todos. É o melhor.'

Normalmente são as coisas vergonhosas que são mantidas em segredo. Mas na Índia isso nunca foi o caso. Nada vergonhoso era mantido em segredo. O que era mantido em segredo apenas aquelas grandes coisas que poderiam ser alançadas. É por isto que este conhecimento é chamado de Raja-Guhyam: O conhecimento supremo e mais confidencial.

A especialidade da Índia é que o segredo e o sagrado sempre andaram juntas.
Um mantra era dado a um discípilo de uma maneira secreta. A inciação de um discípulo em um cântico de Gayatri Mantra, que é o mais sagrado de todos os mantras, era feito em segredo ao susurrar o mantra no ouvido. Era dito então ao discípulo para manter o mantra um segredo, de forma que o mantra residisse em si na forma de uma semente. Do mesmo jeito que uma semente é plantada embaixo do solo.
Quando uma semente é plantada, sempre é escondida embaixo do solo, apenas assim ela brota e cresce em uma árvore. Então um segredo é como uma semente. Um segredo é aquilo que traz pureza à vida na qual a vida se torna maravilhosa.

Por isto que Senhor Krishna disse que este (conhecimento) é o maior segredo de todos. Não é um segredo trivial ou inútil. Também não é algo para se ter vergonha, ou mantido às escondidas. Ele apenas trará imensa alegria e benefícios àqueles que o conhecem. Ele concede ao conhecedor com a entrega suprema de tudo.

(Observação: O discurso foi dado em Hindu. Acima é a tradução do discurso original.)