“Drashtri durshyayoho samyogo heya hetuhu’’ (II Sutra 17)
drashtri = percebido; drushyayoho = o que vê; samyogaha = tornando-se um; heya = sofrimento; hetuhu = a causa
“A causa do sofrimento é quando o que vê torna-se um com o que é visto e esquece sua verdadeira natureza”.
O esquecimento de si mesmo. Pensar em estar separado do seu meio ambiente é a principal causa do sofrimento. O ser, o que vê e a visão. O ser e os objetos que estão todos ao redor do ser. A falta de percepção. Você pensa “isto sou eu”. Então os problemas começam.
Você guarda a sua vida em algum outro lugar. Você não guarda a sua vida com você. Sabe, nas histórias antigas, havia uma mini ilha e havia uma fortaleza naquela ilhota e naquela fortaleza havia um castelo. No palácio, havia alguém.
A vida do rei estaria num papagaio em algum outro lugar. Então, se esse papagaio fosse morto, o rei morreria lá. Você já ouviu essa história? Essas são todas histórias que, na Índia, aparecem em revistas.
Na China também existe esse tipo de história. A vida do rei não está nele. Ele não morreria, mesmo se alguém o ferisse. Para matar o rei, você tem de ir àquela ilha específica e é muito difícil entrar naquela fortaleza. Um super homem qualquer vai se aventurar a entrar na fortaleza, mas o palácio está cheio de cobras e muito mais. Ele tem que passar por tudo isso.
É tudo muito emocionante, sabe. Ele entra no subterrâneo e então, de repente, uma porta se abre e ele entra lá e isso fica ainda mais interessante. Há uma gaiola ali e na gaiola tem um papagaio. Ele tem que chegar perto dela e a gaiola é inacessível. Ele não pode tocar na gaiola. Se ele tocar na gaiola, ela pode ser destruído pelo fogo, então, sem tocar na gaiola, ele tem que matar o papagaio. Quando ele matar o papagaio, o rei, que está em outro lugar, morrerá, ou o que estiver previsto acontecer, vai acontecer.
A vida não está em si mesmo. A vida está em outro lugar, numa conta bancária. Você não depositou só dinheiro no banco. Junto com o dinheiro, você depositou sua vida também. Se alguma coisa acontecer ao banco, você terá uma parada cardíaca. Você entende o que estou dizendo? Qualquer coisa que você ache ser a mais importante, seja ela um assunto ou algo material, você dá mais importância a ela do que à vida. Isso se torna causa de sofrimento. Então, quando você vê a diferença, aquele que vê a luz, separado daquilo que a cerca, então você percebe, “O que é tudo isso”? Então, a verdadeira meditação acontece.
O Patanjali diz:
“Prakasha kriya sthiti shelam bhutendriyatmakam bhoga apavargartham drushyam’’ (II Sutra 18)
prakasha = manifestação; kriya = dinamismo; sthiti = inércia; shelam = natureza; bhutendriyatmakam = composto de cinco elementos; bhoga = prazer; apavarga = alívio; artham = objeto; drushyam = visto
“Manifestação, dinamismo, a inércia é a natureza da consciência de alguém. A criação inteira, feita dos cinco elementos, lhe dá prazer e alívio a partir dos objetos de divertimento”.
Isso não significa que você precisa fugir deste mundo. Este mundo está aqui para seu divertimento. O Patanjali é muito claro sobre isso. Essas lindas paisagens estão aqui para que você olhe para elas. A boa comida está aqui para você comê-la e apreciá-la. O mundo todo está aqui para você apreciá-lo, mas enquanto aprecia, não se esqueça de si mesmo. Você está separado deles. Isso é inteligência. Percebe o que estou dizendo?
>><< Nada nessa Criação é Livre da Dor <<Eliminando a Causa da Dor >>
(Esta é parte da Série de Notas de Conhecimento baseadas nos comentários de Gurudev Sri Sri Ravi Shankar sobre o Yoga Sutra de Patanjali)